De acordo com BRANDÃO (2012), os treinadores de futebol, em
suas temporadas anuais são lançados a desafios de gestão de grupo, metas,
motivação, organização, comunicação, e muitas vezes a presença do psicólogo
esportivo é dispensada na elaboração do processo de treinamento. Os jogadores
de futebol são submetidos à alta carga de treinamento, ocasionando stress
emocional, ansiedade e declínio psicológico diante das dificuldades.
Conforme GOLEMAN, (2002). O controle das
emoções é fator essencial para o desenvolvimento da Inteligência emocional. Não
há loteria genética a definir vitoriosos e fracassados no jogo da vida esportiva. Embora haja pontos que determinam o temperamento, muitos circuitos
cerebrais são maleáveis, portanto, temperamento não é destino. A incapacidade
de lidar com as próprias emoções pode destruir vidas e carreiras porque o
controle dos impulsos emocionais é a base da força de vontade e do caráter. Segundo estudos
apresentados por Daniel Goleman (1995), as principais emoções que geram fluxo
de desequilíbrio na dinâmica da personalidade e na tomada de decisão são o
Medo, Alegria, Raiva, Tristeza e Amor. Desde
o início da carreira do jogador, o treinador deve ficar atento desenvolvimento das emoções antes, durante e depois das partidas de futebol,
favorecendo seu desenvolvimento técnico, tático e psicológico-comportamental.
Uma
competência básica estimulada no ambiente de treinamento de futebol , pelo
treinador, é conseguir com seus atletas um nível de auto controle como saber
com conter a própria raiva e os impulsos. Essa habilidade exige o
desenvolvimento da capacidade de conhecer os próprios sentimentos e o de outros
jogadores. Poder controlar os próprios sentimentos é a essência da competência
emocional e saber controlar os sentimentos dos outros é a capacidade
interpessoal, a essência dos relacionamentos entre treinadores de futebol e
jogadores.
A competência emocional representa,
portanto a capacidade de cultivar aptidões do coração e sugere a necessidade de
aprender o alfabeto emocional das habilidades pessoais e interpessoais
essenciais. A cabeça e o coração no momento dos jogos e campeonatos precisam um
dos outro e a neurociência nos alerta a levar a sério as emoções prestando
atenção ao aprimoramento da inteligência emocional que está representada nos
seguintes pontos:
Medo: o rosto fica pálido, as mãos frias, e o sangue descem para as pernas, preparando o corpo para a fuga.
Amor: representa o conjunto de reações em todo o corpo capaz de gerar satisfação e facilitar a cooperação.
Alegria:
essência da felicidade é uma emoção capaz de inibir sentimentos negativos,
aumentando a energia, entusiasmo e disposição para a ação.
Raiva: os batimentos cardíacos se aceleram,
uma onda de hormônio é produzida como a adrenalina que estimula a pulsação, o
sangue sobe preparando a pessoa para o ataque.
Tristeza: os
olhos se projetam para baixo, ombros caídos e expressões faciais, corporais e
verbais com baixo nível de energia.
Empatia: capacidade de reconhecer as emoções nos outros e que se desenvolve na relação com os jogadores, na elaboração dos objetivos de trabalho para a temporada que se apresenta.
Autoconsciência: estar consciente sobre as próprias emoções, reconhecendo quando os sentimentos ocorrem e representa a pedra fundamental da inteligência emocional. As pessoas que apresentam essa competência, são melhores pilotos em suas carreiras esportivas, reconhecem como se sentem em relação ás decisões pessoais, desde em que clube jogar e que tipo de contrato aceitar, e reconhecem os pensamentos que levam a determinados estados emocional.
Autocontrole: saber lidar com sentimentos aflitivos ( medo, raiva, tristeza), mantendo o otimismo e perseverança apesar das frustrações, controlar impulsos, saber como reduzir a tensão e regular estados emocionais e saber a diferença entre pensamentos, sentimentos e ações durante a partida de futebol e em todas as relações que o jogador se envolve na carreira esportiva.
Automotivação: capacidade de motivar-se e persistir diante das frustrações, saber como adiar a satisfação e como reprimir a impulsividade que está por trás de todo tipo de realização profissional, seja do treinador ou do próprio atleta. É necessário saber entrar
em estado de fluxo, pois possibilita a desempenho excepcional durante o
trabalho no futebol. O treinador
com essa habilidade bem desenvolvida tem maior produtividade e eficácia em
qualquer momento de seu trabalho, principalmente em momentos difíceis.
O futebol está cada vez mais competitivo. As áreas chamadas de ciências do esporte, dentre elas a psicologia esportiva, estão cada vez mais desenvolvidas e produzindo informações para os profissionais que atuam nesse segmento chamado futebol, e a inteligência emocional deve ser o primeiro passo para o aprimoramento dos objetivos de trabalho dos grandes treinadores dessa modalidade tão apaixonante que é o futebol.
FOTOS: MARCELO CAMPOS / MC10
TEXTO: RAFAEL CAMPOS - COACH e PALESTRANTE
EMAIL: CAMPOSR75@YAHOO.COM.BR